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Ex-governador do Timor Leste é absolvido na Indonésia
AbÃlio Soares alega ter sido um 'bode expiatório' dos militares
O único preso na Indonésia por crimes contra a humanidade depois das mais de mil mortes durante a transição em Timor Leste foi inocentado depois de um apelo ao Supremo Tribunal da Indonésia.
AbÃlio Soares era o governador do Timor Leste em 1999, durante a onda de violência que antecedeu o plebiscito sobre a independência da ilha, que foi ocupada pela Indonésia durante quase 25 anos.
No entanto, a Justiça da Indonésia absolveu Soares porque, durante a onda de violência promovida pelas milÃcias pró-Jacarta, o Timor Leste estava sob controle militar, e o então governador era uma autoridade civil.
Com essa decisão, das 18 pessoas levadas à Justiça por abuso de direitos humanos, 13 já foram absolvidas. As outras estão sob custódia da Organização das Nações Unidas (ONU) no Timor Leste.
O tribunal anterior condenara Soares a três anos de prisão em 2002 por julgar que ele falhou ao não evitar as mortes às vésperas do plebisicito.
'Bode expiatório'
O ex-governador timorense – que sempre afirmou ter sido usado como bode expiatório pelos militares indonésios – está preso desde julho, mas pode ser libertado nos próximos dias.
No entanto, ativistas de direitos humanos no Timor ficaram irritados com a absolvição de Soares.
"Essa decisão mostra que o governo da Indonésia está protegendo os seus ex-funcionários e que a cultura da impunidade ainda existe", afirmou José LuÃs Oliveira, diretor da organização de defesa dos direitos humanos Yayasan Hak.
"Soares colaborou com os militares na formação das milÃcias que assassinaram ativistas pró-independência", completou Oliveira.
Os tribunais indonésios foram duramente criticados por organizações de direitos humanos e governos de todo o mundo.
Por outro lado, o atual governo independente timorense minimizou a importância deles, afirmando que o bom relacionamento com Jacarta deve ter prioridade sobre a justiça.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Indonésia, Hassan Wirayuda, admitiu que o veredicto poderá redobrar as crÃticas internacionais ao seu governo.